O termo "curadoria" entrou em voga há alguns anos e, desde então, tem se tornado um ponto central em diversas áreas como artes, educação, política e também na saúde, principalmente no campo psicológico. De maneira geral, a palavra curadoria refere-se à prática de selecionar e escolher cuidadosamente as informações, experiências e atividades de determinado setor, pois a enorme quantidade de opções existentes acaba sendo prejudicial, já que o tempo das pessoas é escasso e nem tudo que está disponível para consumirmos é bom ou relevante.
Em se tratando de saúde mental isso fica evidente nas mídias digitais, por exemplo. O esmagador volume de informação, que a priore parece positivo, acaba revelando-se inútil ou pior, uma fonte quase inesgotável de angústia e ansiedade. Por essa e outras razões, o conceito de curadoria de conteúdo baseia-se na ideia de que a qualidade da informação e experiências que consumimos desempenham um papel significativo na nossa saúde emocional e bem-estar. É uma abordagem deliberada e consciente de selecionar, filtrar e escolher cuidadosamente os elementos que entram em nossas vidas, com o objetivo principal de promover um estado mental mais saudável e equilibrado.
Em outras palavras, você precisa escolher criteriosamente os conteúdos aos quais irá se expor. Não se trata de abandonar as redes sociais, mas, por exemplo, seguir perfis relevantes para o seu trabalho, estudo e crescimento pessoal. Acompanhar a rotina de alguém somente por ser famoso, possivelmente não lhe trará benefícios. Pelo contrário, é provável que você veja lugares, pessoas e situações com as quais nunca terá contato, mas que lhe provocarão raiva, estresse, tristeza, frustração, comparação, inveja, etc. No final, você tem de si perguntar: "isso me ajuda em quê"?
Mas a curadoria em saúde mental não se limita ao ambiente virtual, estende-se também para as nossas experiências reais. Atualmente são inúmeras as opções de bares, restaurantes, festas e eventos que podemos ir e, para muitas pessoas, principalmente os jovens, existe a sensação que o melhor sempre está em outro lugar, menos onde estamos. Assim, cabe avaliarmos com quais pessoas queremos estar verdadeiramente, que ambiente combina conosco e nos faz bem. Você deve si perguntar: "Isso agrega coisas boas à minha vida"? Não se trata de uma visão utilitarista do mundo e das relações, mas sim de estabelecer critérios diante um mar de possibilidades, às vezes não tão legais quanto aparentam ser.
Cada indivíduo é único e não existe receita de como realizar uma curadoria eficaz, mas há algo que certamente será capaz de indicar o caminho: o autoconhecimento. Ele desempenha um papel fundamental na curadoria da saúde mental, pois ajuda as pessoas a fazerem escolhas mais informadas e alinhadas com suas necessidades individuais. Por exemplo: Conhecer suas necessidades emocionais e psicológicas é essencial para a curadoria eficiente. Você pode identificar quais atividades, relacionamentos ou experiências são mais benéficos para o seu bem-estar e, em seguida, priorizá-los em sua vida.
O autoconhecimento também permite que você estabeleça limites claros em relação aos outros e a si. Isso inclui saber quando dizer "não" as solicitações ou compromissos que podem lhe sobrecarregar e prejudicar sua saúde mental. Outro ponto é a prevenção da autossabotagem, pois sujeitos que se conhecem bem estão mais aptos a identificar comportamentos autossabotadores, como padrões de pensamentos negativos ou hábitos destrutivos. Essa conscientização pode ajudar a interromper esses padrões prejudiciais.
O autoconhecimento ainda pode ajudar numa maior resiliência emocional, na autoaceitação ou mesmo nas tomadas de decisões conscientes, ponto fundamental para uma curadoria mais adequada à sua vivência, pois é você quem estará no controle e não seguirá fluxos, modas ou realizará ações roboticamente, sem critérios. A curadoria em saúde mental é isso, tomar as rédeas de sua vida no que tange escolhas e caminhos. Não é isolar-se, e sim prescindir do que é irrelevante ou não lhe faz bem, sabendo sempre dosar e equilibrar o seu "eu" concomitantemente ao mundo e aos outros.
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