No mundo acelerado e competitivo em que vivemos, a saúde ocupacional tornou-se uma preocupação cada vez mais relevante. O estresse no ambiente de trabalho, a pressão por altos níveis de desempenho e a constante exigência por resultados têm levado muitos profissionais a enfrentarem uma condição preocupante: a síndrome de burnout, também conhecida como esgotamento profissional.
Este é um fenômeno complexo e multifacetado que afeta a saúde física, mental e emocional dos indivíduos. Ela se manifesta como um estado de exaustão do corpo e da mente decorrente do desgaste crônico e prolongado relacionado ao trabalho. A pessoa que enfrenta esse quadro experimenta uma sensação de esgotamento profundo, perda de motivação e energia, além de uma visão negativa e cinismo em relação ao trabalho.
Esse esgotamento não é apenas uma consequência do trabalho árduo ou de uma carga horária excessiva, mas sim de uma combinação de fatores, como sobrecarga de tarefas, falta de reconhecimento, conflitos interpessoais e desequilíbrio entre vida profissional e pessoal. O burnout afeta não apenas o indivíduo, mas também sua produtividade, satisfação no trabalho e relacionamentos pessoais.
A relevância desta síndrome é tão significativa que foi reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e incluída na Classificação Internacional de Doenças 11 (CID-11) como uma condição relacionada ao trabalho. Esse reconhecimento reforça a importância de compreender, prevenir e tratar o burnout como uma questão de saúde ocupacional.
Ao abordar essa condição de extenuação, é essencial não apenas focar nos sintomas e nas causas individuais, mas também analisar os aspectos organizacionais e sociais que contribuem para o surgimento e agravamento do quadro. É preciso promover mudanças nos ambientes de trabalho, adotar políticas de prevenção, incentivar a cultura de bem-estar e oferecer apoio emocional aos profissionais.
Ao longo deste artigo, vamos explorar em profundidade a síndrome de burnout, suas características, causas, impactos na saúde física e mental, além de discutir estratégias de tratamento e prevenção. Através desse conhecimento, esperamos contribuir para a conscientização e fornecer ferramentas para que indivíduos e organizações possam lidar de forma eficaz com essa importante questão de saúde ocupacional.
Definição da Síndrome de Burnout
Esta é uma condição psicológica complexa relacionada ao estresse crônico no ambiente de trabalho. Caracteriza-se por um estado de esgotamento físico, emocional e mental, acompanhado de uma visão negativa e cinismo em relação ao trabalho, além da redução da eficácia profissional. É uma resposta prolongada à exposição a estressores ocupacionais persistentes e é considerada uma das principais consequências negativas do ambiente de trabalho atual.
Para compreender a síndrome em sua totalidade, é importante analisar diferentes definições e abordagens desenvolvidas ao longo de anos de pesquisa. Vejamos algumas referências bibliográficas que enriquecem a compreensão dessa condição:
Christina Maslach e Susan Jackson estão entre os pesquisadores pioneiros do tema. De acordo com elas, o burnout é caracterizado por três dimensões principais: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Essa definição continua sendo amplamente reconhecida e referenciada na área.
Em 1986, elas publicaram uma obra influente intitulada "Maslach Burnout Inventory", na qual apresentaram uma das definições mais reconhecidas e amplamente utilizadas, onde descrevem este como um fenômeno multidimensional composto por três dimensões principais:
Exaustão Emocional: Refere-se a uma sensação de esgotamento físico e emocional profundo, resultante da demanda emocional contínua e intensa do trabalho. Os indivíduos podem sentir-se drenados emocionalmente, com falta de energia e com dificuldade em lidar com as demandas emocionais dos outros.
Despersonalização (Cinismo): Essa dimensão envolve a adoção de uma atitude negativa, cínica e distante em relação ao trabalho e às pessoas com as quais se lida profissionalmente. Os profissionais podem desenvolver uma tendência a tratar as pessoas de maneira impessoal, desumanizada e até mesmo hostil.
Redução da Realização Pessoal: Essa dimensão se refere à perda de satisfação e de senso de realização com relação ao trabalho. Os indivíduos podem sentir que seu trabalho não possui significado, que suas conquistas não são valorizadas e que não estão progredindo em sua carreira de forma satisfatória.
O "Maslach Burnout Inventory" (MBI) é um instrumento empregado para mensurar e avaliar a presença dessas dimensões em profissionais atuantes em diversos setores de trabalho. Como visto, contribuições das autoras na definição e na compreensão do burnout forneceram uma base sólida para pesquisas subsequentes e ajudaram a estabelecê-lo como uma condição reconhecida na área da saúde ocupacional.
Herbert Freudenberger e Gail North também são pesquisadores influentes que contribuíram para o estudo e compreensão da síndrome. Em 1992, eles publicaram um livro intitulado "Women's Burnout: How to Spot It, How to Reverse It, and How to Prevent It" ("Burnout Feminino: Como Identificá-lo, Revertê-lo e Preveni-lo"), no qual abordaram o tema com foco nas mulheres.
Em sua obra, Freudenberger e North destacaram a importância da exaustão emocional como um componente central do burnout. Eles enfatizaram que o quadro é causado por uma dedicação excessiva a uma causa, estilo de vida ou relacionamento que deixou de ser gratificante. Para eles, a exaustão emocional é resultado dessa dedicação excessiva, em que as pessoas se esforçam além de seus limites físicos e emocionais.
Freudenberger e North também ressaltaram a importância de identificar os sinais precoces como a perda de interesse pelo trabalho, a sensação de estar sobrecarregado, a irritabilidade e a exaustão física e mental. Eles forneceram orientações práticas sobre como reversão da condição de esgotamento, como buscar apoio social, reduzir a carga de trabalho, estabelecer limites pessoais e desenvolver estratégias de autocuidado.
Embora o livro de Freudenberger e North tenha abordado especificamente o condição feminina, suas observações e orientações têm sido valiosas para homens e mulheres em diferentes contextos. Sua ênfase na exaustão emocional como um componente central do burnout ajudou a ampliar a compreensão e a destacar a importância do equilíbrio emocional e da gestão do estresse no ambiente de trabalho.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desempenha um papel fundamental no reconhecimento e na definição da síndrome. Em sua abordagem, a OMS destaca três componentes principais, semelhantes aos descritos por Maslach e Jackson (1986), e considera o burnout como um fenômeno exclusivamente relacionado ao contexto ocupacional e o incluiu na Classificação Internacional de Doenças 11 (CID-11).
Inclusão na CID-11
A Classificação Internacional de Doenças (CID) é um sistema de classificação e codificação utilizado globalmente para descrever e categorizar diversas condições de saúde. Em sua 11ª revisão, a CID incluiu oficialmente a síndrome de burnout como uma condição relacionada ao trabalho, um passo importante para reconhecer e validá-la como um problema de saúde ocupacional. Essa decisão reflete a crescente conscientização sobre os impactos negativos do esgotamento profissional na saúde física e mental dos indivíduos.
A síndrome de burnout foi incorporada na seção "Problemas associados ao emprego ou desemprego" da CID-11, sob o código QD85. A classificação especifica que o burnout é caracterizado pelo sentimento de exaustão, cinismo ou sentimentos negativos em relação ao trabalho e redução da eficácia profissional.
Essa inclusão também destaca a necessidade de se abordar as condições de trabalho e promover ambientes saudáveis, onde o bem-estar dos profissionais seja valorizado. Além disso, oferece uma base para a formulação de políticas de saúde ocupacional e intervenções preventivas direcionadas.
É importante ressaltar que a CID-11 é uma referência global e que cada país pode adotar suas próprias diretrizes e adaptações em relação ao diagnóstico e tratamento. No entanto, a inclusão na CID-11 fornece um importante respaldo internacional e destaca a importância de lidar com o burnout como um desafio de saúde ocupacional relevante em todo o mundo.
Causas da Síndrome de Burnout
Compreender as causas é fundamental para abordar e implementar estratégias de prevenção e intervenção adequadas. A seguir, exploraremos algumas das principais causas identificadas por pesquisas científicas e estudos na área:
Sobrecarga de trabalho e demandas excessivas: a sobrecarga de trabalho, tanto em termos de quantidade de tarefas quanto de prazos apertados, é uma causa comum do burnout. A pressão constante e a sensação de não conseguir lidar com todas as demandas podem levar ao esgotamento físico e mental.
Falta de controle e autonomia: a falta de controle sobre as tarefas e as decisões relacionadas ao trabalho é outro fator que contribui para o desenvolvimento da síndrome. Quando os indivíduos têm pouca autonomia e não têm voz nas decisões que afetam seu trabalho, podem sentir-se desvalorizados e desmotivados.
Ambiente de trabalho desfavorável: um ambiente de trabalho estressante, caracterizado por relações interpessoais negativas, falta de apoio dos colegas e dos superiores, e ausência de reconhecimento pelo trabalho realizado, pode aumentar o risco de surgimento do quadro. A cultura organizacional e o clima de trabalho desempenham um papel crucial nesse aspecto.
Descompasso entre valores pessoais e organizacionais: quando há um conflito entre os valores pessoais e éticos de um indivíduo e os valores da organização em que trabalham, isso pode gerar um desgaste emocional significativo. Sentir-se em discordância com os princípios da empresa ou a falta de propósito no trabalho pode contribuir para o desenvolvimento do burnout.
Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional: A incapacidade de equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades pessoais, como família, lazer e autocuidado, pode levar a um aumento do estresse e a um maior risco de burnout. A falta de tempo para descanso e recuperação adequados pode exacerbar os sintomas da síndrome.
É importante ressaltar que as causas do burnout podem variar entre indivíduos e contextos específicos. Além disso, muitas vezes as causas estão interconectadas, tornando necessário abordar múltiplos fatores para prevenir e tratá-lo de forma eficaz.
Impactos na saúde física e mental
A síndrome de burnout não afeta apenas a vida profissional, mas também tem consequências significativas na saúde física e mental dos indivíduos. O estresse crônico e o esgotamento resultantes do quadro podem desencadear uma série de problemas de saúde. A seguir, discutiremos os impactos negativos nessas duas áreas:
Saúde física:
Doenças cardiovasculares: Estudos têm mostrado uma associação entre o burnout e um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como doenças cardíacas, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral (AVC). O estresse crônico e a exaustão podem contribuir para o aumento da pressão arterial, a inflamação sistêmica e a disfunção do sistema cardiovascular.
Problemas imunológicos: O quadro de esgotamento pode comprometer o sistema imunológico, tornando os indivíduos mais suscetíveis a infecções, resfriados e outras doenças. A exaustão crônica e a redução da capacidade de recuperação podem enfraquecer as defesas do organismo.
Distúrbios do sono: A exaustão emocional e a ansiedade associadas à síndrome podem interferir no sono adequado. A insônia e a má qualidade do sono são comuns em pessoas com burnout, o que, por sua vez, pode levar a uma série de problemas de saúde, como fadiga crônica, baixa imunidade e dificuldade de concentração.
Saúde mental:
Transtornos de ansiedade e depressão: O esgotamento profissional está associado a um maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão. Os sintomas de exaustão, despersonalização e redução da realização pessoal podem desencadear e agravar problemas de saúde mental, levando a sentimentos persistentes de tristeza, preocupação, falta de motivação e perda de interesse pelas atividades cotidianas.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): Em casos graves de burnout, os indivíduos podem desenvolver sintomas semelhantes aos do TEPT. A exposição prolongada a altos níveis de estresse no trabalho, combinada com a falta de suporte adequado, pode resultar em traumas psicológicos que afetam negativamente o bem-estar mental.
Problemas cognitivos e de memória: A condição de extenuação pode causar dificuldades cognitivas, como problemas de concentração, memória prejudicada e dificuldade de tomar decisões. A exaustão mental e emocional pode comprometer o desempenho cognitivo e a capacidade de lidar com tarefas complexas no trabalho e na vida cotidiana.
É importante destacar que os impactos na saúde física e mental podem variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores individuais, como a resiliência, o suporte social disponível e a capacidade de lidar com o estresse. No entanto, é evidente que o burnout tem um impacto negativo significativo em ambas as áreas, tornando fundamental a implementação de estratégias de prevenção e intervenção eficazes.
Prevalência da Síndrome de Burnout
O quadro de esgotamento é um problema significativo no contexto profissional, afetando uma ampla gama de setores e grupos demográficos. Estudos e pesquisas têm examinado a prevalência do burnout em diferentes populações, fornecendo insights sobre a extensão e a magnitude desse problema. A seguir, apresentaremos algumas das descobertas mais relevantes nessa área:
Setores profissionais:
Profissionais de saúde: Estudos mostram que os profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e profissionais da área da saúde mental, enfrentam altos níveis de burnout. As demandas intensas, longas horas de trabalho, exposição a situações traumáticas e pressão emocional são fatores que contribuem para a elevada prevalência do burnout nesse grupo.
Profissionais da educação: Professores, educadores e profissionais da área da educação também estão suscetíveis ao burnout. As altas demandas de trabalho, a sobrecarga de tarefas, a falta de recursos adequados, a pressão por resultados e a dificuldade de lidar com alunos com necessidades especiais são fatores que contribuem para a prevalência da síndrome nesse setor.
Trabalhadores de serviços de emergência: Bombeiros, policiais, paramédicos e outros profissionais que trabalham em serviços de emergência enfrentam situações estressantes e traumáticas regularmente, o que pode aumentar o risco. A exposição a eventos traumáticos, a pressão de tempo e as demandas emocionais são fatores contribuintes.
Profissionais de alta exigência: Profissões que envolvem alta competitividade, metas agressivas e pressão constante, como executivos, advogados, jornalistas e profissionais de tecnologia, também apresentam taxas elevadas de esgotamento. A cultura organizacional, a carga de trabalho intensa e a falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são fatores que contribuem para essa prevalência.
Grupos demográficos:
Gênero: Pesquisas sugerem que a prevalência esgotamento pode variar de acordo com o gênero. Alguns estudos indicam que as mulheres podem estar mais propensas a desenvolver burnout, especialmente em setores de serviços de saúde e assistência social. No entanto, outros estudos apontam taxas semelhantes entre homens e mulheres.
Idade: O burnout pode afetar pessoas em diferentes faixas etárias, mas pesquisas indicam que os jovens adultos e os profissionais de meia-idade podem estar particularmente em risco. Os desafios de estabelecer uma carreira, a pressão para alcançar metas e as demandas profissionais podem contribuir para a prevalência do burnout nesses grupos.
É importante destacar que a prevalência do burnout pode variar entre diferentes estudos e contextos específicos. As taxas podem ser influenciadas por fatores culturais, organizacionais e individuais. Além disso, a natureza subjetiva do burnout pode dificultar a comparação direta entre os estudos.
No entanto, a existência de pesquisas e estatísticas sobre a prevalência do burnout em diferentes setores profissionais e grupos demográficos destaca a importância de abordar esse problema de forma abrangente, implementando medidas de prevenção e intervenção específicas para cada contexto. A conscientização sobre a prevalência do burnout pode ajudar a direcionar recursos e esforços para mitigar seus efeitos negativos na saúde e no bem-estar dos indivíduos.
Diagnóstico e Avaliação da Síndrome de Burnout
O diagnóstico envolve a avaliação cuidadosa dos sintomas e a identificação dos critérios específicos estabelecidos por especialistas. Embora não haja um consenso absoluto sobre critérios universais de diagnóstico, existem ferramentas e abordagens amplamente utilizadas para avaliar a presença do esgotamento profissional. A seguir, descreveremos alguns desses critérios e métodos comuns:
O MBI é um instrumento amplamente reconhecido e utilizado para avaliar o burnout. Nele os indivíduos respondem a uma série de itens relacionados a essas dimensões em uma escala de frequência, indicando o quanto cada afirmação se aplica a eles.
Critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS): exaustão física ou emocional, cinismo ou sentimentos negativos em relação ao trabalho, e redução da eficácia profissional. A presença desses sintomas no contexto ocupacional é um indicativo de burnout, desde que não estejam limitados a outras condições de saúde mental.
Avaliação clínica: Além dos instrumentos de autodeclaração, uma avaliação clínica detalhada é fundamental para o diagnóstico do burnout. Um profissional de saúde, como um médico, psicólogo ou psiquiatra, pode realizar uma entrevista estruturada ou semi-estruturada para avaliar os sintomas, a história ocupacional e os impactos na vida do indivíduo. Essa avaliação pode envolver a discussão dos sintomas, a análise de fatores desencadeantes e a identificação de possíveis comorbidades.
É importante ressaltar que o diagnóstico do burnout deve ser realizado por profissionais de saúde qualificados, que levam em consideração não apenas a presença dos sintomas, mas também a exclusão de outras condições de saúde mental semelhantes, como a depressão ou transtornos de ansiedade. Além disso, o diagnóstico deve considerar o contexto ocupacional e as características individuais do indivíduo.
A avaliação visa identificar a gravidade e o impacto dos sintomas, fornecendo informações importantes para o planejamento do tratamento e a implementação de medidas preventivas. Os critérios e os métodos de avaliação descritos acima são algumas das abordagens mais utilizadas, mas é essencial que profissionais de saúde levem em consideração a natureza multifacetada do burnout e adotem uma abordagem holística para o diagnóstico e a avaliação dos indivíduos afetados.
Tratamentos e Estratégias de Enfrentamento
O tratamento da síndrome de burnout envolve abordagens terapêuticas e estratégias de enfrentamento que visam aliviar os sintomas, promover o bem-estar e prevenir recorrências. Abaixo, descreveremos algumas das abordagens comumente utilizadas:
Autocuidado e Autorreflexão: O autocuidado é fundamental no processo de recuperação do burnout. Isso inclui adotar práticas saudáveis de sono, alimentação balanceada, atividade física regular e técnicas de relaxamento, como meditação e ioga. Além disso, a autorreflexão é essencial para identificar e modificar os padrões de pensamento e comportamento que podem contribuir para o aparecimento e manutenção do quadro.
Suporte Social: Buscar apoio social é crucial durante o processo de recuperação. Compartilhar os sentimentos e desafios com amigos, familiares ou colegas de confiança pode oferecer suporte emocional e perspectivas diferentes. Participar de grupos de apoio ou comunidades online com pessoas que passam por experiências semelhantes também pode ser benéfico.
Mudanças no Ambiente de Trabalho: Identificar e implementar mudanças no ambiente de trabalho pode ajudar a reduzir o impacto do burnout. Isso pode incluir a negociação de uma carga de trabalho mais gerenciável, estabelecimento de limites pessoais, melhoria da comunicação e colaboração entre colegas, além de buscar um equilíbrio adequado entre trabalho e vida pessoal.
Estratégias de Enfrentamento: Desenvolver habilidades de enfrentamento eficazes é essencial para lidar com a síndrome. Isso pode envolver a identificação e a mudança de pensamentos negativos, o estabelecimento de metas realistas, o estabelecimento de prioridades e a implementação de estratégias de gerenciamento do estresse, como a gestão do tempo e a prática da assertividade.
Busca de Ajuda Profissional: Em casos mais graves de burnout, pode ser necessário buscar a ajuda de profissionais de saúde qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou terapeutas ocupacionais. Esses profissionais podem fornecer apoio psicológico, orientação e intervenções terapêuticas, como terapia cognitivo-comportamental, terapia de grupo ou terapia de relaxamento.
Medidas Preventivas:
Além do tratamento, a prevenção do burnout é fundamental para promover ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis. Algumas medidas preventivas incluem:
Educação e Conscientização: Promover a conscientização sobre o burnout e seus impactos entre os profissionais e empregadores é fundamental. Isso pode incluir treinamentos sobre gerenciamento de estresse, habilidades de autocuidado e estratégias para criar um ambiente de trabalho mais saudável.
Apoio Organizacional: Empregadores e gestores devem oferecer suporte adequado aos funcionários, garantindo um equilíbrio entre a carga de trabalho e os recursos disponíveis. Isso pode envolver a promoção de políticas de flexibilidade, incentivo ao uso de férias e pausas regulares, e o estabelecimento de canais de comunicação abertos e confidenciais.
Promoção do Bem-Estar: Incentivar práticas de bem-estar no local de trabalho, como programas de atividade física, sessões de relaxamento e estratégias de gerenciamento do estresse, pode ajudar a reduzir o risco de burnout. Também é importante promover uma cultura de apoio, reconhecimento e valorização dos funcionários.
Equilíbrio entre Trabalho e Vida Pessoal: Encorajar o equilíbrio adequado entre trabalho e vida pessoal é fundamental. Isso pode envolver a promoção de políticas que incentivem a desconexão digital fora do horário de trabalho, a flexibilidade de horários e a promoção de atividades que promovam o bem-estar fora do ambiente de trabalho.
É importante ressaltar que as estratégias de tratamento e prevenção podem variar dependendo das características individuais, do ambiente de trabalho e das necessidades específicas de cada pessoa. Uma abordagem multidimensional e personalizada é fundamental para lidar efetivamente com o burnout.
Conclusão:
A síndrome de burnout é um problema de saúde ocupacional cada vez mais reconhecido e estudado em todo o mundo. Com a inclusão do burnout na Classificação Internacional de Doenças 11 (CID-11) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há um maior reconhecimento e validação dessa condição, proporcionando uma base sólida para o diagnóstico e tratamento adequados. No entanto, a prevenção também desempenha um papel crucial na abordagem do quadro, criando ambientes de trabalho saudáveis e promovendo o bem-estar dos profissionais.
No contexto dos tratamentos e estratégias de enfrentamento, destacamos a importância do autocuidado, do suporte social, das mudanças no ambiente de trabalho e da busca de ajuda profissional. Além disso, ressaltamos a necessidade de medidas preventivas, como a promoção do bem-estar, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o apoio organizacional e a conscientização sobre o burnout.
Em suma, o burnout é uma síndrome complexa e multifacetada que afeta indivíduos em diversos setores profissionais e grupos demográficos. Para combatê-lo efetivamente é fundamental adotar uma abordagem abrangente que aborde suas causas, sintomas e impactos. A conscientização, a prevenção e o tratamento adequados são essenciais para promover ambientes de trabalho saudáveis e melhorar o bem-estar dos profissionais.
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